segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Arcas da biodiversidade - coleções biológicas da UNIR

– ARCAS DA BIODIVERSIDADE –
O PAPEL DAS COLEÇÕES BIOLÓGICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

Coleções biológicas são conjuntos de organismos coletados geralmente em ambientes naturais e preparados especialmente para que permaneçam em condições de estudos por centenas de anos. Elas reúnem informações sobre a biodiversidade e armazenam elementos para comprovação de pesquisa pregressa. Embora pouco associadas aos conceitos de biodiversidade, conservação e sustentatibilidade, coleções biológicas possuem potencial para subsidiar tomadas de decisões por parte do poder público em questões de ordenamento territorial e atitudes sustentáveis. Elementos-chaves, como endemismos, extinções e definições de áreas prioritárias para conservação, podem estar baseados nos registros adequados da biodiversidade de uma região em coleções. Em áreas alteradas ambientalmente, a única forma de preservação das espécies é a conservação de material em coleções. Além disso, coleções são retratos pretéritos a impactos ambientais de uma região e constituem na melhor fonte de dados que possa contribuir para reconstruir um sistema após intervenções humanas.

O histórico de exploração antrópica no estado de Rondônia remonta o final do século XIX, desde a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, passando pelo ciclo da borracha, a construção da BR 364, o intenso desmatamento paralelo ao fluxo migratório sentido sul-norte do Brasil nos anos de 1970-80 e a forte pressão pela atividade garimpeira no rio Madeira. A ameaça à biodiversidade da região parece culminar agora com a proposta do complexo hidrelétrico do rio Madeira, pelo qual já duas usinas encontram em estado avançado de construção. Diante disto, faz-se urgente registrar adequadamente a biodiversidade desta região, que permanece parcialmente desconhecida para a ciência. E neste contexto, a UNIR possui papel fundamental, constituindo referência importante da biodiversidade da região, representada por suas coleções científicas ainda incipientes e emergentes, cujas atividades se intensificaram em meados dos anos 2000.

Recentemente, as coleções biológicas da UNIR foram reconhecidas e institucionalizadas internamente, conforme a Portaria 556/GR publicada e assinada pela reitoria da universidade. Neste documento, curadores, pessoas responsáveis pelo gerenciamento das coleções, foram nomeados para cada coleção. O documento reconhece um sistema de coleções constituída por seis acervos, sendo um botânico (plantas) e cinco zoológicos (insetos, peixes, répteis, aves e mamíferos).

Em termos de biodiversidade, as coleções da UNIR constituem um dos mais importantes acervos como referência a Rondônia. A coleção de peixes, por exemplo, representa uma das mais importantes e completas coleções referentes ao rio Madeira, com registros de mais de 600 espécies de peixes, o maior inventário já realizado no mundo. Essa diversidade representa pelo menos 15% de toda a fauna de peixes conhecida da América do Sul. O espaço insuficiente, 36m2 que acomodam 200.000 exemplares de peixes, é um dos principais entraves para o avanço e crescimento da coleção de peixes e também para as demais coleções. A coleção de insetos, por exemplo, um dos grupos mais diversos do mundo, está alocada em uma área de menos de 6 m2, na qual estão mais de 8.000 exemplares e não menos que 700 espécies. A coleção de mamíferos compartilha seu espaço ainda com as coleções de répteis e aves, e está provida de 183 exemplares e de espécies raras de macacos.
 Coleções zoológicas da Universidade Federal de Rondônia. Acima e à esquerda, a coleção de peixes; à direita, a coleção de répteis. Abaixo, a coleção de crânio de mamíferos.

Essa biodiversidade mantida em verdadeiras arcas, que são as coleções, tem atraído o interesse de muitos pesquisadores. Estudantes de pós-graduação e profissionais da área têm utilizado material destas coleções para suas pesquisas. Pesquisadores de instituições renomadas no Brasil, como USP, INPA e UEM, e internacionais, como a Universidade da Flórida Central (UCF, EUA) e Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD, França), têm feito visitas periódicas às coleções. Esses dados demonstram o grande valor e representatividade da Universidade num contexto mundial.

Apesar do imenso valor científico e cultural, os problemas envolvendo todas as coleções biológicas da UNIR trazem riscos à manutenção do material e convergem para temas como ausência de espaço e infra-estrutura, ausência de recursos humano e financeiros suficientes e permanentes. A sustentação das coleções atualmente é feita através de recursos muitas vezes escassos oriundos de projetos de pesquisas dos professores da Biologia e, em maior grau, por meio do imenso esforço, tantas vezes pessoal, que os pesquisadores e alunos associados às coleções investem. A implementação de um programa de coleções científicas dentro da instituição, a contratação de corpo técnico permanente e capacitado e a transferência de todo o material biológico para infra-estruturas adequadas, é algo urgente. É a forma mais segura para garantir a qualidade e a manutenção do material biológico.

Mais do que para a Amazônia ou para a Ciência, as coleções biológicas da UNIR compõem um acervo de incalculável valor para a humanidade. A manutenção deste material de forma adequada denotaria respeito à biodiversidade. O histórico de pressão antrópica sobre o estado de Rondônia, e especialmente as obras hidrelétricas atuais, poderão limitar ou acelerar diversos processos ecológicos e evolutivos, como extinções localizadas de muitas espécies. Manter esse material adequadamente em uma coleção é uma atitude prudente e necessária à preservação do acervo natural (biodiversidade) e cultural do país.

No ano em que o planeta comemora a biodiversidade, mais do que nunca os discursos de políticos, empresários, governantes, e instituições, estão recheados de palavras como sustentabilidade, conservação e Amazônia. No entanto, cabe discutir neste contexto o papel de coleções científicas. Deve ser, de fato, lembrado que também podemos “salvar” a biodiversidade essencialmente quando guardamos material biológico morto, testemunho em coleções.

Dra. Carolina R.C.Doria
Curadora da Coleção Ictiológica. Laboratório de Ictiologia e Pesca - Departamento de Biologia/UNIR.

Dr. Jansen Zuanon
Pesquisador do Centro de Pesquisa Biologia Aquática/INPA

Dra. Gislene Torrente-Vilara
Pesquisadora do Laboratório de Ictiologia e Pesca

MSc. Luiz Jardim de Queiroz
Pesquisador do Laboratório de Ictiologia e Pesca

2 comentários:

  1. Lamentável.........(PARTE I)
    Lamentável ver o nome da UNIR nos meios de comunicação de forma pejorativa. Afinal uma disputa pelo cargo de Reitor deveria ser pautada em respeito, moral e ética, e a única preocupação seria publicar os planos para o crescimento cientifico e profissional dos pares, e da comunidade acadêmica, e não a publicação de “suspeitas” denegrindo o adversário e sua família.
    É triste que nós professores, formadores de opinião, não consegamos dar o exemplo de uma disputa ética, dentro de posturas corretas. O momento é de fazer um debate com uma visão de futuro, para a UNIR crescer eliminando os pontos frágeis que ainda possui. A UNIR é nossa! Precisamos crescer para tentar superar os problemas atuais, com foco em todos os cursos, a fim de alcançar um nível de qualidade de ensino que permita uma boa avaliação da CAPES.
    O que me surpreende é o ataque sem ética, de forma a enlamear o adversário e sua família, ofendendo sua imagem, a dignidade e a vida profissional, com “supostas irregularidades”, sem dados concretos, mesmo sabendo que a Constituição Federal não permite tal conduta em seu inciso V do art. 5º.
    Me admiro com o ataque ao candidato Professor Theóphilo, através de sua esposa Professora Mariluce, puro e simplesmente pelo fato da mesma ser gestora do Convênio n. 118/2007/SUFRAMA. Nunca se ouviu falar de qualquer ato de improbidade tanto por parte do candidato Professor Theophilo quanto da Professora Mariluce.
    Em julho deste ano, me surpreendo com a denuncia ao Ministério Público, partindo de dois colegas doutorandos, alegando “possíveis irregularidades no convênio com relação a concessão de bolsas”. Nós doutorandos do DINTER-UNIR/UFRGS, desde o início, quando nos foi apresentado o programa de pós-graduação do doutorado em Administração/UFRGS, em uma reunião na sala do NUCS, recebemos a informação de que o convênio não contemplava bolsa, no período de 06 (seis) meses que seriamos obrigados a permanecer na sede da UFRGS.
    Inclusive na última fase de seleção, na entrevista em uma banca formada por três professores, sendo dois da UFRGS e um da UNIR, nos foi questionado se tínhamos condições de nos manter em Porto Alegre, porque o convênio com a SUFRAMA não previa a concessão de bolsas, e ainda, que não havia possibilidade de receber bolsa pela UFRGS.

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  2. Lamentável .... (PARTE II)
    Depois de iniciada a execução do convênio e o curso, a Professora Mariluce, envidou esforços junto a SUFRAMA para alterar o Plano de Trabalho do Convênio em epígrafe. Ao conseguir, fomos informados que teríamos bolsa pelos seis meses de permanência obrigatória em Porto Alegre, para cursar 16 (dezesseis) créditos.
    Nós doutorandos formados em administração, contábeis, economia, estatística, temos conhecimento suficiente como saber como funciona um convênio. Além da demora na liberação dos recursos, para se alterar o Plano de Trabalho de um convênio, qualquer que seja ele, tem toda uma formalidade prevista em normas, onde o convenente, neste caso UNIR, solicita autorização à concedente SUFRAMA. Após autorização pela concedente, ai sim, pode-se fazer a alteração e submetê-la a aprovação, conforme art. 15 da IN 01/97, que estava em vigor em 2008, e permaneceu para todos os convênios firmados antes de junho/2009, quando da alteração das normas pertinentes aos convênios.
    Vale esclarecer que a nossa estadia em Porto Alegre/RS estava prevista para agosto/2010, e por determinação da UFRGS, foi alterada para março/2010, ensejando nova modificação no Plano de Trabalho.
    Quando assinamos o contrato de recebimento da bolsa, em abr/2010, a cláusula quarta (da vigência), previa a prorrogação de concessão de bolsas. No entanto, infelizmente, por atitude de alguns colegas, duvido que isso ainda aconteça. Essa denúncia, que não foi conversada com o grupo, acabou prejudicando a todos.
    Vale ressaltar, que após a defesa do mestrado, de alguns de nós, em 1999, tentamos de todas as formas que fosse oferecido um doutorado para que continuássemos nossa qualificação. Fizemos várias solicitações junto a instância superior da UNIR, sem resultado. O esforço do Professor Theóphilo e da professora Mariluce, nos permitiu participar dessa seleção e enfim cursar o doutorado.
    Por fim, quero assegurar, que os esforços desses professores que são capazes de pensar no futuro, será compensador não só para a UNIR mas para a Região Amazônica que contará com um grupo de quatorze doutores diplomados por uma IFES com conceito seis na CAPES.
    Contadora/Administradora Ms. Marlene Valerio dos Santos Arenas
    Mestre em Engenharia da Produção/UFSC
    Doutoranda em Administração/UFRGS

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